sábado, 19 de setembro de 2015

paranoia do stand-by

Sábado de manhã é um momento que gosto muito! 

Bom, sobre o assunto que costumo falar por aqui: já estou a um bom tempo esperando os resultados dos exames para quantificar a quantidade de vírus no meu organismo, dentre outros. Apenas com o resultado em mãos posso ir ao infectologista novamente e a partir daí saber como proceder para tratar a presença do vírus no meu corpo. (Visitei também um infectologista do SUS, no mesmo lugar em que se retira gratuitamente o coquetel de remédios antiaids. Este médico da rede pública, mais objetivo - talvez por viver diariamente o processo - trata com mais praticidade a questão e apenas com o resultado positivo já me receitou o coquetel "padrão" pra quem vai começar a tomar os antirretrovirais. Senti muita confiança nele e de forma alguma descrédito, mas resolvi esperar a posição do infectologista visitado primeiro - que me atende pelo plano de saúde particular - por acreditar que com ele posso ter um contato mais direto caso necessário).


                                                                                                                                  
 

  bonsai lindo daqui de casa, que acabou morrendo :/

Preciso dizer que, apesar de sabermos que os serviços públicos no Brasil são um tanto quanto precários, dentro dos limites de infraestrutura disponíveis eu fui muito bem atendido. Talvez a única dificuldade seja encontrar o lugar correto pra se informar e saber quais procedimentos tomar depois de receber o diagnóstico, mas uma vez encontrado o centro de referência da minha cidade isso não foi um problema. Um pouco mais de preparo no sistema de saúde como um todo talvez seja minha única reclamação, pois percebi desinformação em alguns hospitais que visitei antes de ir ao centro de referência. Um enfermeira "me atendeu" em um deles, e, apesar da boa vontade -tentando fazer as vezes do papel que coube aos infectologistas- tentou me acalmar por meio de explicações sobre o vírus, mas lançou um: "Calma que você ainda pode viver uns 10 anos".
 

Claro que hoje eu sei que a expectativa de vida pra quem se trata com o coquetel e toma algumas medidas de vida mais saudáveis é a mesma de uma pessoa com HIV negativo, mas naquele momento em que ainda estava muito desequilibrado com o diagnóstico fiquei meio "não quero viver só mais dez anos, caralho!!".
 

Sobre a paranoia do título do post: nesse (pra mim muito longo) tempo de espera entre a descoberta de que tenho o vírus e começo do tratamento, passo por alguns momentos em que qualquer coisa que sinto está relacionada ao fato de tê-lo.
 

Ontem por volta de 11:30 da manhã estava correndo no parque sob muito sol e já quase no final do exercício comecei a sentir fraqueza, muita pressão no peito e taquicardia. Se isso acontecesse há dois meses atrás talvez eu só diminuiria o ritmo e voltaria andando devagar para casa, mas ontem senti medo de morrer e, num ciclo vicioso, o medo só piorou as sensações e vivi um momento bem esquisito (sentei por um tempo e à tarde fui ao pronto socorro - não foi nada grave, talvez um pouco de desidratação ou uma crise de ansiedade). Essa ideia fixa de se "estar doente" não faz nada bem, e talvez eu esteja esperando o momento em que sinta estar fazendo algo pra tratar essa minha condição para, aí sim, poder "desligar" minha mente e viver a minha vida como antes. Acho que relaxar quanto à tudo isso é um processo que acontece pouco a pouco e apesar de sim, sentir-me um pouco mais debilitado desde ano passado, (mais aftas, infecções que demoram mais pra sarar e dores nas juntas, por exemplo) não posso ser irresponsável e atribuir tudo agora ao fato de ser HIV positivo. 

Depois de começar o tratamento e (talvez?) ver alguns resultados/mudanças vou poder responder à mim mesmo se um fator muito prejudicial nessa história toda seja a tal da paranoia haha!

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